Olhar a (des)regulação em tempos de pandemia

Num mês em que se celebra o Dia Mundial da Saúde Mental - 10 de outubro - gostávamos de partilhar um tema que ganhou força com a pandemia – a (des)regulação emocional - e que muitas vezes é tão só isso que se passa com as crianças e até com os adultos.

Num mês em que se celebra o Dia Mundial da Saúde Mental – 10 de outubro – gostávamos de partilhar um tema que ganhou força com a pandemia – a (des)regulação emocional – e que muitas vezes é tão só isso que se passa com as crianças e até com os adultos.

A (des)regulação emocional: o que é e o que pode estar na sua origem.

As crianças pequenas, que se enfurecem ou são mais agressivas, são uma fonte de preocupação na escola e para os pais pelo facto de não conseguirem expressar algo que sentem e pensam, terem dificuldades na resolução de problemas e serem conflituosas. Muitas vezes, enfrentam dificuldades na relação com os pares e são alvo de rejeição.

Existe, nestas crianças, uma dificuldade em “ler” situações sociais ambíguas porque distorcem e/ou utilizam mal as pistas sociais e têm dificuldade em ajustar o seu caráter à situação de conflito. Necessitam, por isso, de uma presença mais constante do adulto para ajudá-la a interpretar as situações, a perceber como resolver eficazmente o conflito, ajudá-las a reconhecer as suas respostas emocionais e mostrar-lhes como usar o autodiálogo positivo.

 

Pode ajudar.

Há uma grande variedade de fatores que fazem com que a regulação emocional da criança seja mais rápida ou mais lenta. E, embora pouco se saiba sobre os fatores que contribuem para essas diferenças, há três deles que se destacam como estando relacionados:

  1.  a maturação do sistema neurobiológico,
  2.  o temperamento da criança e a idade em que se encontra (crianças com dificuldades de linguagem, défices de atenção e hiperatividade ou atrasos de desenvolvimento normalmente têm mais dificuldade em autorregular-se),
  3.  a forma como a família e os educadores falam dos sentimentos (dos seus e dos outros).

As crianças que estão habituadas a que falem dos sentimentos, vão ter mais capacidade para falar do que sentem, das suas capacidades e incapacidades e de compreender os sentimentos dos outros. Por isso, devemos falar de sentimentos e dar importância às emoções e ainda promover projetos de educação emocional.

Assim, individualmente pais e educadores devem perceber que têm um papel importante na aceitação e na regulação das emoções das crianças, evitando os habituais estereótipos e rótulos.

 

Pode ajudar:

  1. Manter as regras e os limites previsíveis, encorajando sempre a criança, mesmo quando não as cumpre,
  2. Aceitar as emoções da criança. Apesar de algumas reações da criança serem desgastantes e cansativas, a paciência e aceitação dos adultos são importantes. Continua a ser relevante evitar julgamentos à sua frente (“És mau, os teus pais não te dão educação, és sempre o mesmo…). Estas frases não acrescentam, a criança não consegue solucioná-las e só vão contribuir para uma maior agressividade.
  3. Encorajar a criança a falar sobre os seus sentimentos, perguntando-lhe o que estava a sentir quando teve aquela reação e escutando a sua resposta. A lição decisiva a ensinar é que não há nada de errado com qualquer sentimento, todos os sentimentos são naturais e normais. Uns confortáveis, outros magoam, mas são todos reais e importantes e que é sempre bom/melhor falar sobre eles.
  4. No caso de as crianças estarem mais agressivas/agitadas, é importante que a par da expressão verbal e emocional o educador a encoraje a libertar a raiva de uma forma mais positiva (dando uma corrida, arrumar algo, ajudar numa ação exterior…).

 

Um desafio.

Vamos “curar os corações” que até certo ponto a pandemia fragilizou. E se for necessário, sintamo-nos confiantes que a mudança é possível, procuremos ajuda!

Dia feliz para todos!

 

 

ARIANA LOPES

Psicóloga Clínica e da Saúde

Psicóloga da Educação

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